A vida, Senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem para de piscar, chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos - viver é isso. É um dorme e acorda, dorme e acorda, até que dorme e não acorda mais. A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso. Um rosário de piscadas. Cada pisco é um dia. Pisca e mama; pisca e brinca; pisca e estuda; pisca e ama; písca e cria filhos; pisca e geme os reumatismos; por fim pisca pela última vez e morre.
_ E depois que morre? - perguntou Visconde.
-Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?
Memórias de Emília
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