
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Afonso Romano de Sant'Anna
"(...) Todos já estivemos e estaremos em algum terremoto.
Um terremoto é quando a paisagem nos trai.
Um terremoto é quando se quebrou a solidariedade entre o seu ponto de vista e as coisas.
Um terremoto não é só quando o caos demoniacamente toma conta do cosmos.
Um terremoto, eu lhe digo o que é: é a hora da traição da natureza. Ou da traição também dos homens, se quiserem.(...) Terremoto é a hora da traição do amigo, que invejoso concorre como inimigo e lança fel onde a amizade era mel, e envenena a rima de seus dias sendo Caim em vez de Abel.
Porém, sobretudo, depois do terremoto há que aprender com as ruínas.
Por que os engenheiros que me perdoem, mas a ruína é fundamental. É a hora do retorno. E se vocês me permitissem discretamente citar Heidegger, com ele eu diria que a ruína só é negativa para aquele que não entende a necessidade da demolição...
Amigo, amiga: terremotos ocorrem sempre e muitos aí perecem.
Mas a função do sobrevivente é sobreviver reconstruindo.
A ruína, além da morte, nos dá lições de vida."
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